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O nosso maior objetivo é Estudar, Discutir e Difundir a Permacultura e as Tecnologias Apropriadas mostrando que existem diferentes alternativas que oferecem menores impactos ao ambiente e baixo custos de aplicação.


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"OCA" Organização Comunitária Ambiental

por: Henrique Marques, Gabriela Magalhães e Michel Augusto

PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NA ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES AUTÔNOMOS EM VEÍCULOS DE TRAÇÃO EM VEÍCULOS DE TRAÇÃO ANIMAL DE SAMAMBAIA - ATAVETAS


No ambiente urbano é possível perceber as diferentes interações das comunidades e o meio onde vivem. A maneira como o ser humano está interagindo com o seu ambiente provoca uma enorme pressão sobre os recursos naturais. Esta falta de conexão e interação com os processos ecológicos ocorre devido a carência de investimentos na educação,no descaso com o planejamento ambiental e social, e também, a inexistência de iniciativas governamentais e ações comunitárias. O atual modelo de exploração e consumo dos recursos naturais agrava ainda mais esta situação, promovendo a destruição dos ecossistemas e contribuindo para a desigualdade social. Diante desta perspectiva a pergunta central não é a de como podemos “desenvolver” a economia e a sociedade para que se torne mais justa e democrática, mas como podemos construir comunidades e sociedades sustentáveis que possam estar preparadas a resolver seus próprios problemas.

A construção de comunidades e sociedades sustentáveis deve partir da reafirmação de seus elementos culturais e históricos, do desenvolvimento de novas solidariedades, do respeito à natureza não pela mercantilização da biodiversidade, mas pelo fato que a criação ou manutenção de uma relação mais harmoniosa entre sociedade e natureza serem um dos fundamentos das sociedades sustentáveis (Fritjof Capra, 2006).

Diante de qualquer sociedade movida pelo atual modelo econômico, é triste ver que a grande maioria busca aumentar o seu capital e consumir cada vez mais produtos inúteis e obsoletos, gerando mais e mais resíduos e poluição para o meio ambiente. Por outro lado, comunidades mais carentes de informação e de recursos utilizam estes mesmos resíduos como fonte de matéria prima para a geração da renda familiar, ou seja, por falta de oportunidade de emprego ou mesmo por possuírem "baixo grau de instrução", algumas famílias se organizam para realizar um trabalho fundamental em nossa sociedade, utilizando os resíduos como fonte de matéria prima. Este é o caso da Associação dos Trabalhadores Autônomos em Veículos de Tração Animal de Samambaia - ATAVETAS, que desenvolve um trabalho de coleta dos resíduos gerados pela cidade de Samambaia. O trabalho aqui proposto pretende trazer novas possibilidades a esta comunidade, levando aos associados uma perceptiva de como é possível se organizar para o trabalho cooperativo e solidário promovendo a melhoria da renda familiar e a qualidade ambiental da comunidade envolvente.

A Associação dos Trabalhadores Autônomos em Veículos de Tração Animal de Samambaia - ATAVETAS foi constituída em 05 de janeiro de 1998, em Samambaia-DF. Está inserida na Área de Relevante Interesse Ecológico Juscelino Kubitschek - ARIE JK, entre as regiões administrativas mais populosas do DF: Samambaia, Ceilândia e Taguatinga. A ARIE JK é uma unidade de conservação que tem por objetivo a proteção da flora, fauna, sítios arqueológicos e das nascentes dos córregos Cortado e Taguatinga e do Ribeirão Taguatinga. Foi concebida no planejamento original do Presidente Juscelino Kubitschek fazendo parte do cinturão verde de Brasília para preservar a qualidade de vida da cidade. Também encontra-se inserida na bacia do Rio Descoberto, maior manancial de fornecimento hídrico do DF, responsável pelo abastecimento de 61% da população de 11 cidades, além de fornecer água para o Sistema Integrado Santa Maria/Torto, abrangendo Plano Piloto, Lago Sul e Cruzeiro.

A associação, localizada na chácara 42 em Samambaia, possui uma área com cerca de 37 ha., onde somente parte desta área é utilizada pela associados, exatamente a porção que fica na frente da chácara, que representa 20% da área total. A porção que dá acesso ao córrego Melquior, aproximadamente 80%, encontra-se em condição de preservação e restauração, porém, ainda sem muitas atividades de recuperação. Dentro da área, próximo à sede residem três famílias que cuidam e mantém o local ativo, cada uma com cerca de 4 à 6 pessoas. O processo de regulamentação da propriedade ainda encontra-se em discussão.

A intenção de criação foi devido à necessidade de reunir e organizar os catadores e carroceiros da região para defender a preservação do meio ambiente, realizar o intercâmbio, as trocas de experiências e informações e desenvolver a coleta seletiva da região. Com sua criação diversos trabalhos foram desenvolvidos, entre eles a seleção e a reciclagem dos resíduos sólidos e orgânicos, o aproveitando de parte destes para artesanatos diversos e o desenvolvimento de práticas de conservação e recuperação da área.

Objetivo

Este projeto tem como finalidade, orientar e capacitar os associados para que desenvolvam atividades sustentáveis dentro do próprio espaço da associação, visando a melhoria da renda familiar e a conservação dos recursos naturais do local.

A Oficina

Para a execução do projeto foram analisados os resultados dos questionários a fim de observar os principais problemas na associação, assim, possibilitando um planejamento prévio de como intervir e atuar juntamente a comunidade local.

O principal problema observado na associação foi a falta de organização comunitária e ambiental, no entanto, foi elaborada uma oficina participativa com o tema “Organização Comunitária e Ambiental – OCA”. A oficina terá uma proposta metodológica de explanação teórica e participativa, ouvindo o diagnóstico dos próprios participantes e orientando quanto a soluções possíveis para os problemas relatados.

Na parte teórica da oficina serão abordados conceitos e princípios sobre permacultura, planejamento ambiental, organização social e fortalecimento de práticas sustentáveis. Já na prática, os próprios participantes poderão elaborar um planejamento ambiental da propriedade através dos conceitos apresentados na teoria.
A oficina será realizada na própria sede da associação, buscando valorizar o espaço e a integração entre os associados e a comunidade do entorno.

A oficina foi dividida em dois momentos. O primeiro momento ficou destinado à parte teórica, (apresentação dos participantes, caracterização da realidade local, conceituação de sistemas e elementos, abordagem de tecnologias apropriadas e sociais, planejamento e desenho). Para o segundo momento a prática (desenho do croqui, planejamento e sistematização dos elementos), ou seja, colocar na prática o que foi compreendido.

A parte teórica começou com a caracterização do local, identificando os recursos locais, as estruturas já existente, nascer e por do sol, ventos predominantes, queimadas dentre outros. Esta parte é de grande importância as consultas com pessoas relevantes ao local. Um momento de bastante envolvimento dos participantes.

Após a caracterização do local, houve a abordagem sobre os temas, sistemas e elementos. O sistema em que estaremos nos referindo é a Chácara Atavetas. Compreendendo um conjunto de limites e funções definidos, compostos de partes menores que interagem entre si sob determinada organização, demandando alguma forma de energia e gerando algum tipo de produto. E os elementos que são as partes individualizadas que compõe o sistema, cada elemento deverá ser escolhido e posicionado de forma a executar o maior número possível de funções.

Compreendido o sistema e os elementos que o compõe, passamos a conhecer as tecnologias apropriadas e sociais que podem ser trabalhadas aproveitando os recursos locais ali existentes. Por exemplo, a compostagem que é uma maneira de transformar o esterco dos cavalos em um solo bem fofo e rico em nutrientes, pois já será o insumo necessário para a horta comunitária, segunda proposta de trabalho sugerida para a associação. E a reciclagem e reuso dos resíduos sólidos coletado pelos carroceiros.
O planejamento por zonas trata do posicionamento dos elementos de acordo com a quantidade ou a frequência em que os utilizamos ou necessitamos visitá-los, áreas que precisam ser visitadas todos os dias (horta, galinheiro, estufa) são localizadas mais próximas, enquanto que locais visitados menos frequentemente (agrofloresta, pomar, pastagem) são posicionados mais adiante, formando o desenho permacultural, que é alem de um desenho estático, algo dinâmico, com interações entre partes do sistema e em constante evolução.

O desenho Permacultural é o planejamento ideal de uma área para que esta possa vir atingir a sua sustentabilidade, isto é, ser auto-suficiente em todas as suas demandas, reduzindo ao máximo a necessidade de entrada de qualquer tipo de energia externa no sistema.
Ao tratarmos dessas comunidades, com realidades em que co-existam complexos problemas sociais é preciso dar prioridade e às questões sociais e ambientais, uma vez que o homem influi diretamente em seu meio, dependendo dele para sobreviver. Assim, ele deve, através de um processo didático de participação social, conscientizar-se da importância dessas questões sócio-ambientais e atuar como protagonista da preservação ambiental e da melhoria da qualidade de vida em seu lugar.

Um outro aspecto da vida em comunidade que sempre deve estar em ponto de pauta relaciona-se com a capacidade da comunidade de prover sua própria sobrevivência. A renda familiar constitui, assim, um elemento essencial para o pleno exercício da cidadania, uma vez que contribui para o acesso aos bens e serviços necessários a uma boa qualidade de vida.

O projeto visou promover o envolvimento da comunidade com a sustentabilidade local e a redução das desigualdades através da geração de trabalho e renda e inclusão social, bem como a conscientização ambiental e promoção de práticas ecológicas, melhoria da qualidade de vida e maior envolvimento comunitário.