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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Fossa Ecológica - Tanque de Evapotranspiração (TEVAP)

Por Felipe Bodens e Bernardo Oliveira

O Tanque de Evapotranspiração (TEVAP) é um sistema de tratamento e reaproveitamento dos nutrientes da água negra (proveniente do vaso sanitário), para produção de flores e frutas. O TEVAP foi dimensionado e construído pelo GEPEC em uma casa no Condomínio Estância Jardim Botânico em Brasília.

Projeto SketchUp: Felipe Borges


Este sistema foi criado por Tom Watson nos Estado Unidos com o nome de "Watson Wick" e adaptado por vários permacultores brasileiros. Pelo fundo de um tanque de "ferrocimento" corre um "tubo" feito de tijolos e calhas de cimento pré-moldado onde a água negra chega e após um determinado volume escorre para fora do tubo, ocupando o fundo do tanque. Nesse caminho, a água negra passa por várias barreiras de materiais porosos colonizados naturalmente por bactérias anaeróbias que pré-digerem o efluente, neutralizando os patógenos e mineralizando outros compostos em moléculas mais "acessíveis", para a absorção das plantas que estão na terra logo acima. Após o processo anaeróbio, parte da água é evaporada pelo solo e a outra transpirada pelas plantas. O sólidos, que representam menos de 1% das águas negra, são consumidos pelas plantas e por toda comnunidade de microorganismos que habitam a zona das raízes. Patógenos que não foram neutralizados no estágio anaeróbio, não sobrevivem no solo - local de intervenção dos organismos da rizosfera.

Dimensionamento

O TEVAP foi dimensionado para uso de duas pessoas - 4m³. Não existe nenhuma norma sobre as dimensões do TEVAP, pois ainda são poucos os estudos técnico-científicos sobre este tipo de tecnologia de saneamento ecológico. No entanto, as observações feitas por muitos permacultores que possuem esse tipo sistema há alguns anos, indicam que 2m³ comporta mais de uma pessoa que usa muito o vaso sanitário. É importante ressaltar que o TEVAP é indicado para o tratamento de águas negra (proveniente do vaso sanitário) e não águas cinza (proveniente das pias, ralos, chuveiros e da lavandeira). As águas cinza podem ter um tratamento mais simples, o que aumenta as alternativas de reúso. Muitos autores não classificam as águas utilizadas na cozinha como água cinza porque possuem altas carga de gorduras, detergentes, matéria orgânica e seu tratamento deve ser mais específico.


Construção


Após ter cavado um buraco de 4m³ (2m de comprimento e largura e 1m de profundidade), as paredes receberam um reboco fino ("chapisco") de massa forte de cimento e areia lavada (1:3). Por cima foi fixado uma tela de galinheiro que é rebocado novamente com massa forte espessa. O tanque foi impermeabilizado com vedax plus 18kg da Anchortec.






A tubulação que trás o efluente é ligada da caixa de inspeção convencional de "esgoto" ao TEVAP, com uma curva de 45°. A agua negra chega até o fundo do tanque em um "tubo" feito de alvenaria, com quatro fiadas de tijolos furados de cada lado, de modo que o efluente após preencher a base do tubo percole para fora. A inclinação de 45° dos tijolos, impede a terra que cobre o sistema não obstrua os tijolos, entupindo o sistema.










Em cima dos tijolos são encaixados duas calhas de cimento pré-moldado que é cimentado com os tijolos. No local onde a água negra entra no tanque, é instalado um cano de 100mm para inspeção, manutenção e escape de gases. O tanque é preenchido com materiais porosos com granulometria decrescente: primeiro os tijolos depois pedaços de telhas, entulho, brita grande e areia grossa.







Na camada de brita, foi colocado outro tubo de inspeção de 100mm, furado e vedado com uma manta bidim, para permitir apenas a entrada de água, que poderá ser coletada para análise laboratorial. Em cima das britas veio a areia grossa, a terra, um pouco de esterco de gado e composto orgânico para favorecer o desenvolvimento inicial das plantas.



É importante que as paredes do TEVAP fiquem acima do solo, para evitar possíveis sobrecargas ao sistema com o escoamento de água durante chuvas fortes. Também foi instalado um "ladrão", com um cano de 50mm, vedado com manta bidim. O ladrão é direcionado a antiga fossa séptica convencional sob o solo.



Foram plantadas bananeiras, mamoeiros e plantas ornamentais como alpinias e copo-de-leite. Outras plantas tabém podem ser incluídas no sistema, como taiobas, inhames, junco e outras plantas que transpiram muito, que não possuem raízes longas e lenhosas, e que gostam de ambientes alcalinos. Frutos como banana e mamão produzidos no TEVAP podem ser consumidos in natura; já as raízes, bulbos e folhas, não é recombendado comer, pois ainda não está totalmente compreendido as interações que acontecem no sistema.
As plantas podem ser bioindicadores do funcionamento do sistema, através do seu padrão de crescimento, vigor, coloração das folhas e flores. Elas também podem ser analisadas em laboratório, com o intenção de detectar substâncias nocivas ao homem, como metais pesados. Inicialmente o TEVAP dever ser irrigado, até que o sistema entre em funcionamento autônomo.